segunda-feira, 3 de março de 2008

Terapia vai custar barato depois de Hank Moody


Californication tem tudo para entrar para a história das sitcons. É simplesmente brilhante.
Para quem acompanhava o sisudo aturdido do Fox Murder, sempre querendo comer a agente Scully, agora pode se deliciar com uma das melhores imterpretações do verdadeiro cafajeste, garanhão, porra louca jamais visto na história da televisão. Sabe aquele cara que você sempre teve vontade de ser? Fala o que pensa, come quem quer, ganha seu dinheiro, escreve livros, fuma, bebe, veio de Nova Iorque e mora em Los Angeles a contra gosto. Quer vida melhor que essa?
Um roteiro brilhante, que beira a maestria - junto com Studio 60 - tem tudo para levar prêmios, fãs, bla-bla-bla.
Mas, na verdade, o que enche os olhos nesse seriado é que Hank Moody (David Dukhovny) é a personificação do nosso Superego, ou aquilo que sonhamos em um dia ser. Sempre soube que o cinema, a televisão só tem graça quando podemos projetar nossas vidas por minutos, horas neles, e depois desligar e voltar à realidade. Não quero uma televisão de auto-estima. Foda-se isso tudo. Quero uma televisão onde eu possa mandar à merda por meio dos personagem os meus chefes, mulher, filhos, casamento, dinheiro. Esvaziar o saco cheio de quinquilharias domésticas que o mundo coloca goela abaixo. Depois, eu desligo a tv e vou cuidar da vida, mais leve.
Hank faz isso para mim. Quando vejo ele agradecer por achar que sua filha virou lésbica e está à salvo de pilantras como ele (e ainda aumentar público feminino em casa), fico aliviado por ter alguém que fale isso para mim, já que nunca, nunca teria coragem de admitir isso.
Uma das melhores cenas do primeiro episódio é quando a sua filha encontra uma "lady", nua, na cama do pai. "Tem uma moça nua na sua cama. Ela não tem pêlo na vagina, isso não é um problema?". "Tá, vou ver isso". Simplesmente brilhante.
Ou quando ele vai na casa da ex-mulher, a convite da própria, que lhe quer arranjar uma nova namorada e se livrar das suas cantadas na frente do seu quase-atual-novo marido. No final do jantar, ele está transando com a dita cuja da amiga da ex-mulher, depois de fumar um baseado e ainda vomita no quadro caríssimo do quase-atual-novo marido da sua ex, presenciado pela própria ex, que mostrava a casa para os demais convidados.
Seria trágico, se não fosse a vontade de cada um que assiste em fazer aquilo tudo. Duvida? Olhe no espelho, sozinho, depois de um episódio de Californication e uma boa dose de uísque e tente negar.
A melhor série, do que um dia queríamos ter sido e nunca, nunca um dia seremos. Terapia vai custar barato, depois de Hank Moody. Uma série de encher os olhos.
Claro, a não ser que você casou virgem, só teve uma mulher em sua vida e nunca, nunca sentiu o cheiro de uma vagina (com ou sem pêlos) e lembrou de outra.
Aí, meu amigo, você precisa mesmo é se matar e tentar nascer de novo, melhorado.

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